domingo, 30 de junho de 2013

A reintegração de posse da Seleção Brasileira com a torcida

O Brasil venceu a Espanha de forma incontestável. O time assimilou bem de que forma precisaria jogar para impedir que o selecionado espanhol estabelecesse seu jogo de passes rápidos e de posse de bola friamente calculada.
O Brasil marcou de forma intensa e o gol de Fred logo no começo definiu o resultado. 
Porém, acima dos aspectos táticos e técnicos, a Copa das Confederações marcou o retorno da sensação de pertencimento da Seleção com sua torcida.
O Brasil andou longe do seu povo com um grande número de amistosos em outros países, fora isso a presença de muitos jogadores que pouco jogaram no país tornava seleção e povos distantes. 
Os protestos que estouraram por todo o país tornaram o hino nacional popularizado por assim dizer. Jogadores e torcedores cantaram com muita gana e entraram firmes em todos os jogos.
A torcida teve a sua reintegração de posse sobre a Seleção, justamente em um momento em que há um clima de reintegração de posse da nossa autoestima, da nossa sede de mudança e da nossa luta.
O Brasil voltou a ser a representação de fato da população brasileira.

O título levanta o moral da equipe em campo, mas fundamentalmente dá a sensação de que o gigante acordou mesmo, dentro e fora de campo.
Felipão foi peça fundamental nesse retorno de confiança. Fez os jogadores entenderem o quanto era importante ter essa identificação. Com um time identificado e com uma Copa diante do torcedor brasileiro as coisas podem funcionar melhor no futuro.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Na rota da Copa

Falta um ano para a Copa do Mundo de 2014. Seis das 12 sedes estão prontas, abrigarão a Copa das Confederações e as outras estão em processo final de construção. A Copa no Brasil já uma realidade bem próxima.

A injeção de recursos públicos causa muita polêmica em relação ao evento. A insatisfação com a Copa e a falta de recursos para itens de importância para a população brasileira como saúde, segurança, lazer e justiça social. Porém, a leitura de que os recursos usados na Copa impedem a aplicação desses recursos em outras áreas é equivocada.  Os nossos recursos são mal utilizados sempre, a corrupção permite os desvios de verba e má gestão em várias outras condutas fraudulentas. Se há uso indevido de dinheiro nos estádios, há em outras áreas. Assim não é por causa da Copa que não há educação e saúde, essas coisas são escassas mesmo sem a competição.

A Copa é só uma desculpa entre tantas outras para a "farra do boi". O que falta é fiscalização e mobilização do povo brasileiro. Lembro bem da festa que fizeram quando houve o anúncio da escolha do Brasil como sede, bastava ter um pouco mais de alcance para ver que os problemas surgiriam. A FIFA escolhe muito bem para onde leva o seu torneio, principalmente depois da Copa de 2006 na Alemanha. Os alemães fizeram jogo duro, construíram poucos estádios, reformaram alguns e não se curvaram as exigências da entidade. Logo a pobre Africa do Sul e os corruptos Brasil e Rússia se tornaram alvos preferenciais. 

A questão é simples, na Alemanha saúde, transporte, educação, segurança são assuntos de interesse nacional, no Brasil o máximo de interesse é uma nota curta no Facebook ou no Twitter. O brasileiro não pode simplesmente reclamar que alguns recursos que deveriam ser aplicados para outros fins e não para a Copa, isso apenas desgasta. 

A Copa dá um grande oportunidade aos brasileiros. É hora de discutir transporte, saúde, educação, segurança. Exigir que as cidades e o país evoluam na velocidade das construções é uma missão. A Copa irá acontecer quer a gente queira ou não, a nossa lamentação em nada vai ajudar. Não basta falar agora em época de Copa se os nossos absurdos gloriosos sempre aconteceram e vão acontecer. Porém, no meio disso tudo ainda há a possibilidade de se debruçar sobre os problemas brasileiros tendo a Copa como gancho. Se há recurso para a construção de um estádio em Manaus, onde o futebol é semi-profissional, há recurso para outros investimentos. Os recursos estão aí, o problema é que a população dorme um sono levemente agitado, enquanto gente bem acordada bola planos mirabolantes para promover a gastança em áreas que não darão para o povo nada em troca.     

Os protestos na Avenida Paulista contra o aumento de valor em um transporte público falido são importantes. Há sim os excessos que acabam dando a uma parte da mídia a chance de dar o rótulo de vandalismo, quando nada mais é que uma manifestação, a violência é a raiva manifestada da sua pior forma, mas não deixa de manifestar algo. Obviamente deveria ser posto em evidência o número expressivo de manifestantes algo que há muito eu não via. Isso mostra maturidade. 

A Copa não deveria ter sido aceita pelos brasileiros, mas já que veio é mais uma possibilidade de atrair atenção para as mazelas e buscar uma solução. Porém, não se pode esquecer que quando o torneio passar ainda haverá muito pelo que lutar.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Vaias para Neymar, uma reflexão

O Brasil venceu a França por 3x0, gols de Oscar, Hernanes e Lucas. O amistoso na Arena do Grêmio marcou a primeira vitória sobre uma grande seleção do Brasil com Felipão no comando técnico. Ainda que o escrete francês estivesse bem desfalcado, a vitória serve para dar mais confiança ao Brasil.
Porém, em meio a euforia, mais uma vez Neymar saiu vaiado do gramado. A antipatia quase generalizada do torcedor brasileiro ao jogador merece uma análise. Análise que vá além da explicação reducionista da inveja. Neymar é, inegavelmente, um dos maiores jogadores que apareceram por aqui. Em 2010, era a cereja do bolo de um grande time. Em 2011 passou a ser o grande craque de um time que era bom. Em 2012 já não teve um grande ano. Em 2013 afundou junto com o Santos e culminou com sua ida para o Barcelona. Há sim um componente de inveja. Neymar tem o tratamento das grandes estrelas e isso incomoda muita gente de fato. Porém, usar apenas isso para definir a falta de carisma com o torcedor de futebol, é ser simplista. 
Deixo claro que quando falo em falta de carisma não me refiro a sua popularidade com crianças e "neymarzetes", mas com o público maior do futebol, aquele interessado no que acontece nas quatro linhas.
Neymar fez gols em quase todos os times de expressão no futebol nacional. 
Nos anos 70 e 80 os talentos apareciam tanto que era comum ir aos estádios para ver um grande ídolo mesmo rival. Era uma época mais branda onde a violência era menor e as rivalidades mais saudáveis. 
Hoje muita coisa mudou, os talentos não são os mesmos e a rivalidade se tornou perigosa. O primeiro grande erro foi achar que Neymar seria imune a esse processo, que ele seria o Pelé moderno que superaria as dificuldades do seu tempo. O grande obstáculo para Neymar foi ser um grande jogador contra os clubes locais. Ser um grande jogador e ser admirado pelos rivais é quase impossível nesses tempos. 
O torcedor santista tem essa característica, acha mesmo que os jogadores talentosos do Santos precisam de um tapete vermelho, era comum a reclamação constante de faltas contra Neymar, era quase proibido fazer faltas no camisa 11. O problema é que a lógica santista não se aplica aos rivais. Seguem exemplos. 
Ronaldo era um ídolo enquanto esteve na Europa. Nutria simpatia de todos, principalmente depois das sérias contusões que teve. Então veio para o Corinthians, fez gols, derrotou adversários e passou a ser alvo de críticas e brincadeiras dos rivais brasileiros, o mito caía. Que santista na Vila Belmiro aplaudiu Ronaldo após o gol por cobertura em Fábio Costa? 
Neymar sofre por ter feito a carreira em cima dos rivais e, convenhamos, o torcedor atual não é tão "bacana" assim. Com sua saída do país é provável que o torcedor em geral diminua a pegação de pé. 
Enfim, as vaias são normais. Injustas algumas vezes, justas em outras já que na Seleção não fez nenhuma grande partida individual. 
O fato é que ao vestir a camisa 10, Neymar atraiu uma pressão que seria desnecessária nesse momento. Já é visado e ficou ainda mais.
Ninguém nega o talento de Neymar, mas não dá pra querer que ele só seja amado, sendo cego ao momento atual do futebol brasileiro. Creio que Neymar sendo "esquecido" no território nacional terá menores problemas. Porém, um possível fracasso na Copa pode marcar para sempre sua carreira. 
Atribuo a uma gestão megalomaníaca da carreira dele e a rivalidade exacerbada como responsáveis pela antipatia mesmo com o Brasil vencendo.