quinta-feira, 13 de junho de 2013

Na rota da Copa

Falta um ano para a Copa do Mundo de 2014. Seis das 12 sedes estão prontas, abrigarão a Copa das Confederações e as outras estão em processo final de construção. A Copa no Brasil já uma realidade bem próxima.

A injeção de recursos públicos causa muita polêmica em relação ao evento. A insatisfação com a Copa e a falta de recursos para itens de importância para a população brasileira como saúde, segurança, lazer e justiça social. Porém, a leitura de que os recursos usados na Copa impedem a aplicação desses recursos em outras áreas é equivocada.  Os nossos recursos são mal utilizados sempre, a corrupção permite os desvios de verba e má gestão em várias outras condutas fraudulentas. Se há uso indevido de dinheiro nos estádios, há em outras áreas. Assim não é por causa da Copa que não há educação e saúde, essas coisas são escassas mesmo sem a competição.

A Copa é só uma desculpa entre tantas outras para a "farra do boi". O que falta é fiscalização e mobilização do povo brasileiro. Lembro bem da festa que fizeram quando houve o anúncio da escolha do Brasil como sede, bastava ter um pouco mais de alcance para ver que os problemas surgiriam. A FIFA escolhe muito bem para onde leva o seu torneio, principalmente depois da Copa de 2006 na Alemanha. Os alemães fizeram jogo duro, construíram poucos estádios, reformaram alguns e não se curvaram as exigências da entidade. Logo a pobre Africa do Sul e os corruptos Brasil e Rússia se tornaram alvos preferenciais. 

A questão é simples, na Alemanha saúde, transporte, educação, segurança são assuntos de interesse nacional, no Brasil o máximo de interesse é uma nota curta no Facebook ou no Twitter. O brasileiro não pode simplesmente reclamar que alguns recursos que deveriam ser aplicados para outros fins e não para a Copa, isso apenas desgasta. 

A Copa dá um grande oportunidade aos brasileiros. É hora de discutir transporte, saúde, educação, segurança. Exigir que as cidades e o país evoluam na velocidade das construções é uma missão. A Copa irá acontecer quer a gente queira ou não, a nossa lamentação em nada vai ajudar. Não basta falar agora em época de Copa se os nossos absurdos gloriosos sempre aconteceram e vão acontecer. Porém, no meio disso tudo ainda há a possibilidade de se debruçar sobre os problemas brasileiros tendo a Copa como gancho. Se há recurso para a construção de um estádio em Manaus, onde o futebol é semi-profissional, há recurso para outros investimentos. Os recursos estão aí, o problema é que a população dorme um sono levemente agitado, enquanto gente bem acordada bola planos mirabolantes para promover a gastança em áreas que não darão para o povo nada em troca.     

Os protestos na Avenida Paulista contra o aumento de valor em um transporte público falido são importantes. Há sim os excessos que acabam dando a uma parte da mídia a chance de dar o rótulo de vandalismo, quando nada mais é que uma manifestação, a violência é a raiva manifestada da sua pior forma, mas não deixa de manifestar algo. Obviamente deveria ser posto em evidência o número expressivo de manifestantes algo que há muito eu não via. Isso mostra maturidade. 

A Copa não deveria ter sido aceita pelos brasileiros, mas já que veio é mais uma possibilidade de atrair atenção para as mazelas e buscar uma solução. Porém, não se pode esquecer que quando o torneio passar ainda haverá muito pelo que lutar.

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