segunda-feira, 10 de junho de 2013

Vaias para Neymar, uma reflexão

O Brasil venceu a França por 3x0, gols de Oscar, Hernanes e Lucas. O amistoso na Arena do Grêmio marcou a primeira vitória sobre uma grande seleção do Brasil com Felipão no comando técnico. Ainda que o escrete francês estivesse bem desfalcado, a vitória serve para dar mais confiança ao Brasil.
Porém, em meio a euforia, mais uma vez Neymar saiu vaiado do gramado. A antipatia quase generalizada do torcedor brasileiro ao jogador merece uma análise. Análise que vá além da explicação reducionista da inveja. Neymar é, inegavelmente, um dos maiores jogadores que apareceram por aqui. Em 2010, era a cereja do bolo de um grande time. Em 2011 passou a ser o grande craque de um time que era bom. Em 2012 já não teve um grande ano. Em 2013 afundou junto com o Santos e culminou com sua ida para o Barcelona. Há sim um componente de inveja. Neymar tem o tratamento das grandes estrelas e isso incomoda muita gente de fato. Porém, usar apenas isso para definir a falta de carisma com o torcedor de futebol, é ser simplista. 
Deixo claro que quando falo em falta de carisma não me refiro a sua popularidade com crianças e "neymarzetes", mas com o público maior do futebol, aquele interessado no que acontece nas quatro linhas.
Neymar fez gols em quase todos os times de expressão no futebol nacional. 
Nos anos 70 e 80 os talentos apareciam tanto que era comum ir aos estádios para ver um grande ídolo mesmo rival. Era uma época mais branda onde a violência era menor e as rivalidades mais saudáveis. 
Hoje muita coisa mudou, os talentos não são os mesmos e a rivalidade se tornou perigosa. O primeiro grande erro foi achar que Neymar seria imune a esse processo, que ele seria o Pelé moderno que superaria as dificuldades do seu tempo. O grande obstáculo para Neymar foi ser um grande jogador contra os clubes locais. Ser um grande jogador e ser admirado pelos rivais é quase impossível nesses tempos. 
O torcedor santista tem essa característica, acha mesmo que os jogadores talentosos do Santos precisam de um tapete vermelho, era comum a reclamação constante de faltas contra Neymar, era quase proibido fazer faltas no camisa 11. O problema é que a lógica santista não se aplica aos rivais. Seguem exemplos. 
Ronaldo era um ídolo enquanto esteve na Europa. Nutria simpatia de todos, principalmente depois das sérias contusões que teve. Então veio para o Corinthians, fez gols, derrotou adversários e passou a ser alvo de críticas e brincadeiras dos rivais brasileiros, o mito caía. Que santista na Vila Belmiro aplaudiu Ronaldo após o gol por cobertura em Fábio Costa? 
Neymar sofre por ter feito a carreira em cima dos rivais e, convenhamos, o torcedor atual não é tão "bacana" assim. Com sua saída do país é provável que o torcedor em geral diminua a pegação de pé. 
Enfim, as vaias são normais. Injustas algumas vezes, justas em outras já que na Seleção não fez nenhuma grande partida individual. 
O fato é que ao vestir a camisa 10, Neymar atraiu uma pressão que seria desnecessária nesse momento. Já é visado e ficou ainda mais.
Ninguém nega o talento de Neymar, mas não dá pra querer que ele só seja amado, sendo cego ao momento atual do futebol brasileiro. Creio que Neymar sendo "esquecido" no território nacional terá menores problemas. Porém, um possível fracasso na Copa pode marcar para sempre sua carreira. 
Atribuo a uma gestão megalomaníaca da carreira dele e a rivalidade exacerbada como responsáveis pela antipatia mesmo com o Brasil vencendo.

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