quinta-feira, 11 de julho de 2013

Galo doido, Victor são ou São Victor?

O Atlético Mineiro deu mais um exemplo de que está predestinado nesta Libertadores. A classificação suada diante do Tijuana quando Victor defendeu uma penalidade no último lance era o sinal de que dificilmente esse título escapa.

O Galo precisava ao menos fazer 2x0 para levar o confronto contra o Newells Old Boyd para as penalidades. E começou como um furacão, Bernard tal como o filho do vento, abriu o marcador logo de cara e ficou a um gol do objetivo.  O Atlético marcou forte e buscou o gol. O time mineiro reclama de dois pênaltis, mas no primeiro não houve e o segundo era o tipo de lance que não dá pra marcar sempre.

Porém, na segunda etapa o Newells esfriou o jogo e deu ao Atlético a sensação do desespero de ver o tempo passar. Aí foi que o imponderável ou não entrou em campo. A luz acabou, claro que esse artifício não é bacana sendo provocado ou não, mas faz parte do futebol. O fato é que o apagão recuperou o Galo e Guilherme, que entrou no lugar de Bernard, tão contestado, foi o nome do gol salvador.

Nas penalidades a atmosfera era de pirar qualquer amante do futebol. Jô e Richarlyson quase piraram de tristeza, mas Victor que estava são, frio e calculista virou santo, São Victor defendeu a penalidade de Maxi Rodriguez e deu vazão a loucura da torcida mineira.

A ida para a final coroa a boa campanha do Galo. Além de ser a grande recompensa para Cuca que há muito já merecia brigar por um grande título. Fora isso o presidente Alexandre Kalil mostra que sempre há formas de se dirigir um clube de forma correta. Que não existe sina no futebol, existe trabalho correto e competente.

Mais uma derrota e a solução segue distante

Quatro derrotas seguidas no Morumbi e o São Paulo parece mais perdido do que nunca no seu futebol.

A demissão de Ney Franco foi apenas um dos sintomas do momento. O time do São Paulo parece um catadão. Pouquíssimas jogadas coletivas, desorganização tática monstruosa, jogadores perdidos e expulsos de maneiras tolas e muitas dúvidas quanto a dedicação de alguns jogadores.

Paulo Autuori chegará para treinar o time. Autuori parece um bom nome para o momento da equipe. O cenário é de terra arrasada tecnicamente, taticamente e psicologicamente. O treinador precisa recuperar o lado emocional antes de tudo. A torcida precisa também desenvolver a habilidade de não ser mais um fator estressante. Apenas apertar os jogadores e pedir por Muricy não vai ajudar.

Fora do gramado, a diretoria se mostra
amadora. Juvenal Juvêncio perdeu o controle do clube e a saída pela porta dos fundos do Morumbi de um diretor importante na noite de ontem só mostra o quanto esta diretoria deixa seu corpo técnico exposto.

Autuori precisa isolar o futebol dos outros setores do clube, só assim o Tricolor poderá pelo menos evitar um final de ano melancólico.

Em tempo, Paulo Autuori é uma boa escolha por ter características melhores para o momento. É experiente e taticamente mais inteligente que Muricy. Alguém dirá que Autuori não ganha nada há algum tempo, mas com esse time e com essa bagunça diretiva toda, o São Paulo briga por títulos?

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Vem pra rua Ney

Agora é oficial, saiu na mídia, Ney Franco não é mais treinador do São Paulo. A falta de evolução tática da equipe e de personalidade do técnico foram as principais motivações da demissão justa.

Ney Franco teve um ano de trabalho no clube, conseguindo algumas vitórias em clássicos, um título e colecionando problemas de relacionamento com os jogadores. Teve problemas com Rogério, Lucio, Ganso e Luis Fabiano. Tentando impor sua liderança de maneira equivocada.

O resultado diante do Corinthians foi o menor dos motivos, já que hoje a lógica sempre indicará a vitória do time corinthiano. O fato é que Ney teve bastante tempo para treinar e mesmo com 20 dias durante a parada da Copa das Confederações não se viu nenhuma evolução tática na equipe. Tem o lado da falta de empenho de alguns atletas, mas Ney Franco tem parcela de culpa.

Fora os aspectos táticos, a postura de Ney Franco me incomoda muito. Sua falta de participação na beira do campo muitas vezes passava para o time em campo. Falta vibração ao treinador.

O São Paulo precisa rever alguns pontos. Precisa parar de apostar como fez com Sergio Baresi, Adilson Batista e Ney Franco. Também não pode esperar que treinadores defasados como eram Leão e Carpegiani tirem algum coelho da cartola. Precisa de treinador de currículo.

Muricy Ramalho é o favorito uma vez que Juvenal precisa de uma ação populista para diminuir a pressão do torcedor. Porém, não sei se as características de Muricy causarão impacto no ambiente, mas defensivamente o time melhoraria.
Luxemburgo é outro nome, mas o jeito do treinador não casa com o clube. Dorival Júnior seria meu favorito, mas também sofre o complexo de ainda ser relativamente jovem.

Além disso, o clube precisa de reforços que resolvam. Um lateral direito, um zagueiro, um volante e um atacante de lado de campo mais experientes precisam chegar, pois ainda há falta de jogadores de qualidade para que a equipe, que é boa, seja mais competitiva.


Porém, nos últimos anos o São Paulo trocou de jogadores a fisiologistas e nada muda. Só falta mesmo mudar a diretoria e isso já está em curso.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Espelho quebrado

No Morumbi, o Corinthians venceu o São Paulo por 2x1 e jogará pelo empate no Pacaembu para ser campeão da Recopa Sul-Americana que, neste momento, é mais importante para o São Paulo que para o Corinthians.

No fim da partida o treinador Ney Franco saiu falando que as equipes eram espelhadas. Bom alguém precisa avisar ao treineiro tricolor que esse espelho deve estar quebrado.

No desenho tático os dois times jogam de forma parecida, mas futebol não é jogo de botão. É preciso ter movimentação, funcionamento, jogadas coletivas. Tudo isso Tite mostra no Corinthians, mas Ney não faz no São Paulo.

No fim do jogo o Tricolor terminou com três atacantes igual seu adversário, mas o jeito de jogar é totalmente diferente. Enquanto os atacantes corinthianos se doam e ajudam em vários níveis de atuação, os tricolores esperam demais a bola e não tem iniciativa de ajudar na marcação. Pode ser por características dos jogadores, mas é por total falta de cobrança para que façam o papel da doação.

Porém, o primeiro tempo não foi espelhado e essa é mais uma prova de que Ney Franco está perdido no comando. A presença de Ganso e Jadson como titulares mostra bem isso. Ney claramente prefere um esquema de três atacantes e um meia. Porém, teria que peitar a torcida já que prefere Jadson a Ganso. Assim mostra que não tem coragem pra fazer o que é preciso fazer para manter suas convicções.

Tite, por exemplo, tem uma relação melhor. Faz escolhas mais corajosas. Não teme colocar os melhores jogadores para o time, tanto que mantém Pato no banco mesmo sob pressão.

O São Paulo teve cerca de 20 dias para treinar e o resultado foi um time cometendo os mesmos erros do começo da temporada. O time não evolui taticamente. Ao fim o treinador deu a entender que os jogadores tem má vontade. Pode até ser, mas a falta de jogadas coletivas é culpa do treinador. O São Paulo não conseguia sair jogando pois era engolido pela coletividade corinthiana. A marcação e o ataque em bloco do Corinthians simplesmente colocaram o São Paulo no bolso.

O problema do São Paulo é coletivo. Jurisdição primordial do treinador. Fora isso, o Corinthians tem jogadores melhores e mais experientes. A característica das contratações é essa. Ibson é um exemplo, não foi bem no Santos e no Flamengo, mas é experiente e não treme em jogo grande. Os jogadores do São Paulo não tem essa característica, tanto que Rafael Toloi errou feio nos dois gols.


Apenas um milagre vai fazer o São Paulo reverter no Pacaembu. Principalmente pelas diferenças gritantes de organização. Nem mesmo se a quase certa demissão de Ney Franco, mais cedo ou mais tarde, aconteça. Muricy Ramalho não me parece a melhor solução, mas o fato é que com ele a consciência tática era muito maior. Porém, o momento do São Paulo é ruim em campo e fora dele. A diretoria tem grandes defeitos, contratou mal e escolheu apoiar Ney Franco. Por fim, derrota merecida pela falta completa de esportividade de alguns torcedores fora do campo.

domingo, 30 de junho de 2013

A reintegração de posse da Seleção Brasileira com a torcida

O Brasil venceu a Espanha de forma incontestável. O time assimilou bem de que forma precisaria jogar para impedir que o selecionado espanhol estabelecesse seu jogo de passes rápidos e de posse de bola friamente calculada.
O Brasil marcou de forma intensa e o gol de Fred logo no começo definiu o resultado. 
Porém, acima dos aspectos táticos e técnicos, a Copa das Confederações marcou o retorno da sensação de pertencimento da Seleção com sua torcida.
O Brasil andou longe do seu povo com um grande número de amistosos em outros países, fora isso a presença de muitos jogadores que pouco jogaram no país tornava seleção e povos distantes. 
Os protestos que estouraram por todo o país tornaram o hino nacional popularizado por assim dizer. Jogadores e torcedores cantaram com muita gana e entraram firmes em todos os jogos.
A torcida teve a sua reintegração de posse sobre a Seleção, justamente em um momento em que há um clima de reintegração de posse da nossa autoestima, da nossa sede de mudança e da nossa luta.
O Brasil voltou a ser a representação de fato da população brasileira.

O título levanta o moral da equipe em campo, mas fundamentalmente dá a sensação de que o gigante acordou mesmo, dentro e fora de campo.
Felipão foi peça fundamental nesse retorno de confiança. Fez os jogadores entenderem o quanto era importante ter essa identificação. Com um time identificado e com uma Copa diante do torcedor brasileiro as coisas podem funcionar melhor no futuro.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Na rota da Copa

Falta um ano para a Copa do Mundo de 2014. Seis das 12 sedes estão prontas, abrigarão a Copa das Confederações e as outras estão em processo final de construção. A Copa no Brasil já uma realidade bem próxima.

A injeção de recursos públicos causa muita polêmica em relação ao evento. A insatisfação com a Copa e a falta de recursos para itens de importância para a população brasileira como saúde, segurança, lazer e justiça social. Porém, a leitura de que os recursos usados na Copa impedem a aplicação desses recursos em outras áreas é equivocada.  Os nossos recursos são mal utilizados sempre, a corrupção permite os desvios de verba e má gestão em várias outras condutas fraudulentas. Se há uso indevido de dinheiro nos estádios, há em outras áreas. Assim não é por causa da Copa que não há educação e saúde, essas coisas são escassas mesmo sem a competição.

A Copa é só uma desculpa entre tantas outras para a "farra do boi". O que falta é fiscalização e mobilização do povo brasileiro. Lembro bem da festa que fizeram quando houve o anúncio da escolha do Brasil como sede, bastava ter um pouco mais de alcance para ver que os problemas surgiriam. A FIFA escolhe muito bem para onde leva o seu torneio, principalmente depois da Copa de 2006 na Alemanha. Os alemães fizeram jogo duro, construíram poucos estádios, reformaram alguns e não se curvaram as exigências da entidade. Logo a pobre Africa do Sul e os corruptos Brasil e Rússia se tornaram alvos preferenciais. 

A questão é simples, na Alemanha saúde, transporte, educação, segurança são assuntos de interesse nacional, no Brasil o máximo de interesse é uma nota curta no Facebook ou no Twitter. O brasileiro não pode simplesmente reclamar que alguns recursos que deveriam ser aplicados para outros fins e não para a Copa, isso apenas desgasta. 

A Copa dá um grande oportunidade aos brasileiros. É hora de discutir transporte, saúde, educação, segurança. Exigir que as cidades e o país evoluam na velocidade das construções é uma missão. A Copa irá acontecer quer a gente queira ou não, a nossa lamentação em nada vai ajudar. Não basta falar agora em época de Copa se os nossos absurdos gloriosos sempre aconteceram e vão acontecer. Porém, no meio disso tudo ainda há a possibilidade de se debruçar sobre os problemas brasileiros tendo a Copa como gancho. Se há recurso para a construção de um estádio em Manaus, onde o futebol é semi-profissional, há recurso para outros investimentos. Os recursos estão aí, o problema é que a população dorme um sono levemente agitado, enquanto gente bem acordada bola planos mirabolantes para promover a gastança em áreas que não darão para o povo nada em troca.     

Os protestos na Avenida Paulista contra o aumento de valor em um transporte público falido são importantes. Há sim os excessos que acabam dando a uma parte da mídia a chance de dar o rótulo de vandalismo, quando nada mais é que uma manifestação, a violência é a raiva manifestada da sua pior forma, mas não deixa de manifestar algo. Obviamente deveria ser posto em evidência o número expressivo de manifestantes algo que há muito eu não via. Isso mostra maturidade. 

A Copa não deveria ter sido aceita pelos brasileiros, mas já que veio é mais uma possibilidade de atrair atenção para as mazelas e buscar uma solução. Porém, não se pode esquecer que quando o torneio passar ainda haverá muito pelo que lutar.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Vaias para Neymar, uma reflexão

O Brasil venceu a França por 3x0, gols de Oscar, Hernanes e Lucas. O amistoso na Arena do Grêmio marcou a primeira vitória sobre uma grande seleção do Brasil com Felipão no comando técnico. Ainda que o escrete francês estivesse bem desfalcado, a vitória serve para dar mais confiança ao Brasil.
Porém, em meio a euforia, mais uma vez Neymar saiu vaiado do gramado. A antipatia quase generalizada do torcedor brasileiro ao jogador merece uma análise. Análise que vá além da explicação reducionista da inveja. Neymar é, inegavelmente, um dos maiores jogadores que apareceram por aqui. Em 2010, era a cereja do bolo de um grande time. Em 2011 passou a ser o grande craque de um time que era bom. Em 2012 já não teve um grande ano. Em 2013 afundou junto com o Santos e culminou com sua ida para o Barcelona. Há sim um componente de inveja. Neymar tem o tratamento das grandes estrelas e isso incomoda muita gente de fato. Porém, usar apenas isso para definir a falta de carisma com o torcedor de futebol, é ser simplista. 
Deixo claro que quando falo em falta de carisma não me refiro a sua popularidade com crianças e "neymarzetes", mas com o público maior do futebol, aquele interessado no que acontece nas quatro linhas.
Neymar fez gols em quase todos os times de expressão no futebol nacional. 
Nos anos 70 e 80 os talentos apareciam tanto que era comum ir aos estádios para ver um grande ídolo mesmo rival. Era uma época mais branda onde a violência era menor e as rivalidades mais saudáveis. 
Hoje muita coisa mudou, os talentos não são os mesmos e a rivalidade se tornou perigosa. O primeiro grande erro foi achar que Neymar seria imune a esse processo, que ele seria o Pelé moderno que superaria as dificuldades do seu tempo. O grande obstáculo para Neymar foi ser um grande jogador contra os clubes locais. Ser um grande jogador e ser admirado pelos rivais é quase impossível nesses tempos. 
O torcedor santista tem essa característica, acha mesmo que os jogadores talentosos do Santos precisam de um tapete vermelho, era comum a reclamação constante de faltas contra Neymar, era quase proibido fazer faltas no camisa 11. O problema é que a lógica santista não se aplica aos rivais. Seguem exemplos. 
Ronaldo era um ídolo enquanto esteve na Europa. Nutria simpatia de todos, principalmente depois das sérias contusões que teve. Então veio para o Corinthians, fez gols, derrotou adversários e passou a ser alvo de críticas e brincadeiras dos rivais brasileiros, o mito caía. Que santista na Vila Belmiro aplaudiu Ronaldo após o gol por cobertura em Fábio Costa? 
Neymar sofre por ter feito a carreira em cima dos rivais e, convenhamos, o torcedor atual não é tão "bacana" assim. Com sua saída do país é provável que o torcedor em geral diminua a pegação de pé. 
Enfim, as vaias são normais. Injustas algumas vezes, justas em outras já que na Seleção não fez nenhuma grande partida individual. 
O fato é que ao vestir a camisa 10, Neymar atraiu uma pressão que seria desnecessária nesse momento. Já é visado e ficou ainda mais.
Ninguém nega o talento de Neymar, mas não dá pra querer que ele só seja amado, sendo cego ao momento atual do futebol brasileiro. Creio que Neymar sendo "esquecido" no território nacional terá menores problemas. Porém, um possível fracasso na Copa pode marcar para sempre sua carreira. 
Atribuo a uma gestão megalomaníaca da carreira dele e a rivalidade exacerbada como responsáveis pela antipatia mesmo com o Brasil vencendo.