quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Pacaembu quase vazio


 Com tranquilidade o Corinthians impôs sua maior qualidade e derrotou o colombiano Millonários por 2x0. Os gols foram marcados por Guerreiro e Pato. Em campo os colombianos mostraram pouca força e foram dominados facilmente pela velha marcação forte do Timão que não deu a menor chance ao adversário. A vitória alegrou o Pacaembu quase vazio.
O estádio deveria estar vazio em virtude da punição recebida pelo Corinthians por parte da Conmebol em virtude da morte do boliviano Kevin. A questão da punição não gira em torno do que é justo, mas sim do que é preciso para evitar condutas de risco e melhorar as questões em torno do futebol. O Corinthians e seus demais torcedores não tem culpa da ação de um indivíduo, mas ambos precisam ser punidos para mostrar que a ação de um causa um prejuízo para a coletividade, para que a coletividade entenda o quanto é nocivo este tipo de atitude. Cumprir a punição não é capricho e sim um sinal de respeito a Kevin e a tentativa de moralizar o futebol sul-americano.
Entretanto, quatro torcedores entraram no estádio através de uma liminar jurídica. Uma atitude que mostrou no mínimo uma falta de bom senso. Os quatro não fariam e nem fizeram a diferença, não conseguiram nem mesmo honrar a tradição de apoio em tempo integral. O que eles e nem outros torcedores entendem é que não há nada contra a instituição Corinthians, há a inexistência de uma vida, há o respeito ao próximo.
A Libertadores é uma terra de ninguém. Regras são desrespeitadas. Atitudes agressivas são toleradas e incentivadas dentro e fora de campo. A oportunidade que a punição oferece é a de iniciar um caminho de organização efetiva. A resistência a essa punição e a entrada dos quatro torcedores só mostram que nossa sociedade ainda vive de mãos dadas com o egoismo e com a falta de uma consciência coletiva. 

* Reproduzo coluna minha do site do Jornal Acontece 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Atlético ganha do São Paulo na malandragem

O São Paulo enfrentou o Atlético Mineiro no estádio Independência em um jogo que marcou a volta de ambos à Taça Libertadores. O jogo foi marcado por uma grande concentração de atleticanos e pela malandragem e qualidade de Ronaldinho que prevaleceram sobre os erros infantis da retaguarda do Tricolor.

O São Paulo entrou em campo de uma maneira que parecia boa na teoria, mas que se mostrou ruim na prática. Douglas entrou no lugar que seria de Lucas anteriormente, a ideia era permitir uma saída pela direita e marcar as descidas do lateral rival. O problema é que Douglas se mostrou ineficaz no ataque e se comportava demais como lateral, se confundia entre atacar e marcar e não era raro ver Paulo Miranda, muito menos forte no apoio, aparecer livre, mas sem qualidade para criar algo. O Tricolor estava preso, errando muitos passes, movimentação nula, o que facilitava muito a forte marcação de Pierre e Leandro Donizete. Do outro lado o Atlético movimentou muito e achava espaços no posicionamento frágil do sistema defensivo rival. Bernard, Ronaldinho, Jô e Tardelli aceleravam pra cima dos laterais são-paulinos que são fracos. O Galo massacrou na primeira etapa, criou chances e não deu uma única oportunidade do adversário assustar. Ronaldinho usou de malandragem, aproveitou uma pausa no jogo e recebeu bola da lateral e cruzou para Lúcio fazer contra e incendiar o estádio.  Sem muito alarde, foi uma malandragem, faz parte do jogo, a defesa do São Paulo, em especial, Rhodolfo e Cortez bobearam, foram infantis, patéticos.

O gol abateu o São Paulo que se encolheu e sentiu. Sentiu principalmente com a falta de marcação e de movimentação. Eu não entendo a insistência de Ney Franco com Denilson. O camisa 15 erra muitos passes, não marca e é lento, ou seja, a diretoria fez uma burrada enorme ao liberar Casemiro. O primeiro tempo foi um desastre.

Na segunda etapa o Atlético sentiu a falta de ritmo de jogo e isso facilitou a vida são-paulina. Apesar disso o Tricolor passou a se movimentar mais e passou a dar vida ao jogo. A entrada de Aloísio no lugar de Douglas ajudou no aumento do volume de jogo. O empate não saiu graças a duas intervenções espetaculares de Victor. Ganso já estava em campo quando Ronaldinho disparou pela direita, o meia tricolor deu um combate tímido, deveria ter feito falta, mas não acho que deve ser criticado, Wellington, muito mais marcador, estava na sobra e o volante foi driblado ridiculamente, o jogador é bom, mas é a segunda vez que demonstra medo do adversário, ali é pra fazer falta e pronto, mesmo que a entrada seja contundente, é jogo de copa. Aliás me veio a pergunta: Onde estava Cortez que estava em tudo quanto é lugar menos guardando sua posição na ala esquerda? Parece que no Morumbi há uma maldição sobre as laterais, ninguém se acerta por ali. Assim Ronaldinho serviu Rever que ganhou fácil do péssimo posicionamento de Rhodolfo, que já merece uma avaliação mais rigorosa da comissão técnica.

Na base da guerra, o São Paulo ainda diminuiu com Aloísio que ganhou na força de Junior Cesar e cutucou para o gol. Muitos dizem que foi falta, pra mim jogada normal, futebol é assim mesmo. O Galo tentava diminuir o ritmo, mas o São Paulo teve sua última chance quando Ganso livre mandou pra fora por muito pouco. 

O Atlético saiu fortalecido. O São Paulo tendo que entender qual cara pretende ter, a do primeiro tempo ou a do segundo. O fato é que o time tem opções, Aloísio merece a titularidade. Rhodolfo e Denilson estão tecnicamente abaixo do que podem. Toloí e Fabrício merecem uma oportunidade. Cañete é outro que pode ser alternativa, mas anda estranhamente preterido frente a Jadson e Ganso . O São Paulo tem opções, mas se prende demais a um esquema que era usado para favorecer seu melhor jogador que era Lucas, Lucas saiu, é preciso viver sem ele. 


quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Empate com gols em Lins, empate com chances em Ribeirão, empate chato no Morumbi

Sem Neymar, o Santos investiu em André e Miralles, mas a escolha não deu certo e o time ficou pouco criativo e sofreu com as boas chegadas do time do Linense que acabou perdendo todas por falta de pontaria de Fausto. Mesmo sem jogar bem, o Peixe saiu na frente com Cícero. Elias contou com a falha de Rafael para empatar, Leandro virou. No final, o juiz deu penalidade inexistente no zagueiro Neto, segundo penal mal marcado em favor do Santos, Miralles empatou.

Com um time misto o Corinthians ficou no 0x0 em Ribeirão Preto. O jogo foi morno, mas o Corinthians criou algumas oportunidades, principalmente com Pato que deu maior qualidade técnica ao ataque do Timão. Porém, o jogo ficou sem gols, ou melhor, teve um gol, bem anulado pela arbitragem.

No Morumbi, o São Paulo foi mal no ensaio para o jogo de estréia na Libertadores na semana que vem. O Tricolor esbarrou no bom sistema defensivo da Ponte Preta e por pouco não perdeu em dois contra-ataques velozes do time campineiro. 
A dificuldade era esperada, mas o time da casa se movimentou muito pouco, a composição Douglas/Cañete se mostrou ineficaz pela direita, apesar do argentino ter mostrado bom controle de bola e dribles rápidos, não possui velocidade para jogar aberto pela direita. Para manter o esquema antigo, Ney Franco precisa de alguém com velocidade para imitar o que Lucas fazia, Douglas parece ser a melhor aposta. Para mudar para outro esquema precisaria de laterais melhores do que os que tem. Com Ganso fora de sintonia, Cañete seria a melhor opção para compor o meio de campo caso se conserte a marcação pelos lados. 
Ainda é começo de temporada, mas estas indefinições há uma semana de estrear na Libertadores de fato, causa preocupação ao torcedor.
De outro lado a Ponte Preta está com cara de quem vai ser um perigo quando os grandes olharem apenas para a Libertadores. O time campineiro é muito experiente e está bem armado pelo treinador Guto Ferreira. 

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Onde o ódio vence o amor

Dois velhos amigos se encontram no palco onde nasceram para o futebol, tudo perfeito não fossem as camisas de cores diferentes que envergavam. Neymar e Ganso adentraram a Vila Belmiro pela primeira vez em lados opostos, o abraço demorado e fraternal de ambos contrastava com o ódio e o ressentimento da torcida santista nas arquibancadas.

Entre escolher a alegria, o amor ao esporte e o ódio, o torcedor brasileiro escolhe o ódio. Era mais que simples pegação no pé, era ressentimento mesmo. Coisa de mulher traída (ou homem traído) que adora dar banho de água fervida, que coloca chumbinho preparando a comida como diria o Revelação. Era a festa do bode expiatório, era como jogar um escravo aos leões, era esse o cenário.

Ganso foi vaiado, xingado, hostilizado, sofreu a tradicional chuva de moedas. Exagero. Ganso errou com a diretoria do Santos, mas a diretoria do Santos errou com Ganso também. Houve falta de diálogo de lado a lado. A Vila estava lotada, mas a motivação maior era qual?  O amor ao Santos ou o ódio e o desejo de vingança de um suposto "ingrato"? Se ouviu mais insultos ao atual camisa 8 do São Paulo, do que propriamente gritos de incentivo ao Santos.

A vingança veio completa, com vitória e Neymar jogando mais que o amigo. Porém, o que fazer com o discurso de que Neymar é sempre provocado e por isso deve ser protegido? O que dizer dos inúmeros pedidos de santistas para quebrarem Ganso, quando vivem dizendo que querem quebrar o camisa 11 santista?

Outro dia ouvi na tv, na ESPN, do comentarista Eduardo Tirone que no Rio ainda se grita gol, enquanto em São Paulo os rivais gritam chupa. O amor pelo jogo está morrendo, o ódio anda consumindo o futebol. Triste. 

Erros da defesa sãopaulina e da arbitragem facilitam vitória santista

O Santos recebeu o São Paulo na Vila Belmiro no reencontro de Ganso com o Peixe agora como adversário. A vitória santista foi marcada por uma tarde ruim da defesa do Tricolor, atuação desastrosa da arbitragem e vaias ao meia ex-craque da casa.

Entendo que Ney Franco errou na escalação do São Paulo. Imaginei que Ganso entraria na vaga de Jadson e que Douglas jogaria no ataque pela direita, ao invés disso, Ganso e Jadson começaram juntos a partida, o que deu ao São Paulo maior posse de bola, mas com uma efetividade ofensiva diminuída. Tanto que, apesar do domínio territorial, o Tricolor teve poucas chances reais de gol, na melhor delas, Luis Fabiano perdeu de forma incomum. O Santos aparecia algumas vezes no campo de ataque e quase abriu o placar com Neymar. O primeiro tempo se encaminhava para um 0x0 quando a zaga do São Paulo falhou, Rhodolfo deu um espaço enooorme para Neymar deixar Miralles na cara do gol para iniciar os trabalhos. O São Paulo deixaria tudo igual na cabeçada legal de Luis Fabiano anulada de forma inexplicável, nem Rhodolfo que não participou do lance estava impedido. O São Paulo saiu do gramado sobre chuva de moedas, enquanto o Santos saía mais forte de campo.  Ganso, mesmo vaiado, fez um primeiro tempo razoável, mas se movimentou bem e até tentou dar combate.

Na segunda etapa, veio o lance crucial da partida, Neymar carrega a bola até o campo de ataque sem ser combatido ou mesmo parado com faltas. Na área  Paulo Miranda dá um carrinho que não atinge o camisa 11, mas o mesmo se joga e o árbitro Flávio Guerra marca um penal no estilo brasileiro, ou seja, errado. Justo Neymar que chamou o técnico do Ituano de anti-ético na quarta passada, usa de uma conduta anti-ética ao ludibriar o árbitro. Isso não apaga que esta é a segunda vez que Paulo Miranda dá um carrinho temerário em Neymar e comete penal, mesmo em que de fato não tenha feito em nenhum dos dois lances, mas repetiu o erro. Neymar bateu e ampliou.

Em desvantagem, Ney Franco lançou mão de Douglas e Cañete, o volume de jogo Tricolor melhorou. Jadson diminuiu em cobrança perfeita de falta e Rafael tratou de evitar mais duas chegadas adversárias. Quando as coisas pareciam que iam piorar para o Santos,  Neymar, livre de marcação cruzou e Miralles aproveitou o mau posicionamento da defesa rival para ampliar. Daí em diante o jogo acabou. O São Paulo sentiu o cansaço e o Santos por pouco não ampliou, Neymar voltou a apresentar aquelas habilidades que só aparecem lá para os 35 minutos do segundo tempo de jogos já ganhos.

Ganso, que sumiu na segunda etapa, saiu sobre vaias e agressões verbais desnecessárias. O que surpreendeu foi a pouca movimentação do São Paulo, Osvaldo ficou sumido entre Bruno Peres e Neto e pouco ameaçou, o jogador mais perigoso do Tricolor foi Jadson que melhora cada vez mais e também do argentino Cañete que vira uma espécie de talismã da equipe. É preciso evitar precipitações com Ganso, talvez ele precise desse ano inteiro e de sequencia para ser pelo menos sombra do antigo meia.

Do lado santista, Bruno Peres e Neto tiveram uma tarde perfeita. Quem arrebentou mesmo foi Renê Junior, mostrando boa capacidade de marcação. Neymar não fez uma partida brilhante, mas seu diferencial é que ele não precisa ser brilhante para decidir, se for um pouquinho mais profissional pode ser ainda melhor.

De qualquer forma, Ney Franco conseguiu fazer experiências, o fraco paulistinha permite isso, os erros ficam diluídos. O clássico não foi espetacular, mas deu um pouco de assunto no modorrento paulistinha.  A constatação é que o Santos, hoje, é melhor tecnicamente que o São Paulo e que o Tricolor precisa aprender como enfrentar Neymar, ainda não descobriu isso.

Ah e quanto a Vila, não é a primeira vez que chuva de moedas e de cuspe acontecem por lá, uma puniçaõ tem que existir.