O Santos recebeu o São Paulo na Vila Belmiro no reencontro de Ganso com o Peixe agora como adversário. A vitória santista foi marcada por uma tarde ruim da defesa do Tricolor, atuação desastrosa da arbitragem e vaias ao meia ex-craque da casa.
Entendo que Ney Franco errou na escalação do São Paulo. Imaginei que Ganso entraria na vaga de Jadson e que Douglas jogaria no ataque pela direita, ao invés disso, Ganso e Jadson começaram juntos a partida, o que deu ao São Paulo maior posse de bola, mas com uma efetividade ofensiva diminuída. Tanto que, apesar do domínio territorial, o Tricolor teve poucas chances reais de gol, na melhor delas, Luis Fabiano perdeu de forma incomum. O Santos aparecia algumas vezes no campo de ataque e quase abriu o placar com Neymar. O primeiro tempo se encaminhava para um 0x0 quando a zaga do São Paulo falhou, Rhodolfo deu um espaço enooorme para Neymar deixar Miralles na cara do gol para iniciar os trabalhos. O São Paulo deixaria tudo igual na cabeçada legal de Luis Fabiano anulada de forma inexplicável, nem Rhodolfo que não participou do lance estava impedido. O São Paulo saiu do gramado sobre chuva de moedas, enquanto o Santos saía mais forte de campo. Ganso, mesmo vaiado, fez um primeiro tempo razoável, mas se movimentou bem e até tentou dar combate.
Na segunda etapa, veio o lance crucial da partida, Neymar carrega a bola até o campo de ataque sem ser combatido ou mesmo parado com faltas. Na área Paulo Miranda dá um carrinho que não atinge o camisa 11, mas o mesmo se joga e o árbitro Flávio Guerra marca um penal no estilo brasileiro, ou seja, errado. Justo Neymar que chamou o técnico do Ituano de anti-ético na quarta passada, usa de uma conduta anti-ética ao ludibriar o árbitro. Isso não apaga que esta é a segunda vez que Paulo Miranda dá um carrinho temerário em Neymar e comete penal, mesmo em que de fato não tenha feito em nenhum dos dois lances, mas repetiu o erro. Neymar bateu e ampliou.
Em desvantagem, Ney Franco lançou mão de Douglas e Cañete, o volume de jogo Tricolor melhorou. Jadson diminuiu em cobrança perfeita de falta e Rafael tratou de evitar mais duas chegadas adversárias. Quando as coisas pareciam que iam piorar para o Santos, Neymar, livre de marcação cruzou e Miralles aproveitou o mau posicionamento da defesa rival para ampliar. Daí em diante o jogo acabou. O São Paulo sentiu o cansaço e o Santos por pouco não ampliou, Neymar voltou a apresentar aquelas habilidades que só aparecem lá para os 35 minutos do segundo tempo de jogos já ganhos.
Ganso, que sumiu na segunda etapa, saiu sobre vaias e agressões verbais desnecessárias. O que surpreendeu foi a pouca movimentação do São Paulo, Osvaldo ficou sumido entre Bruno Peres e Neto e pouco ameaçou, o jogador mais perigoso do Tricolor foi Jadson que melhora cada vez mais e também do argentino Cañete que vira uma espécie de talismã da equipe. É preciso evitar precipitações com Ganso, talvez ele precise desse ano inteiro e de sequencia para ser pelo menos sombra do antigo meia.
Do lado santista, Bruno Peres e Neto tiveram uma tarde perfeita. Quem arrebentou mesmo foi Renê Junior, mostrando boa capacidade de marcação. Neymar não fez uma partida brilhante, mas seu diferencial é que ele não precisa ser brilhante para decidir, se for um pouquinho mais profissional pode ser ainda melhor.
De qualquer forma, Ney Franco conseguiu fazer experiências, o fraco paulistinha permite isso, os erros ficam diluídos. O clássico não foi espetacular, mas deu um pouco de assunto no modorrento paulistinha. A constatação é que o Santos, hoje, é melhor tecnicamente que o São Paulo e que o Tricolor precisa aprender como enfrentar Neymar, ainda não descobriu isso.
Ah e quanto a Vila, não é a primeira vez que chuva de moedas e de cuspe acontecem por lá, uma puniçaõ tem que existir.